quinta-feira, 21 de julho de 2011

Airton

A Força e Luz, como sempre, revela mais uma fornada de craques, dentre êles, com alguma bossa e muita compleição física, aparecia Airton Ferreira da Silva. Corria 1954 e o Grêmio, que desde 1949 vinha namorando o título, óra parando no Internacional, óra conhecendo o Renner (um ano, apenas), lançou os olhos para cima de Airton, manifestando cimentado interêse na conquista do vigoroso zagueiro. Se a memória não nos falha, cincoenta mil cruzeiros foi a quantia dispendida pelo mosqueteiro, mais o madeiramo que sobrasse da demolição do velho pavilhão da Baixada [...] A evolução de Airton foi rápida, e já em 1955, quando o Grêmio alcançava o vice-campeonato, o zagueiro se impunha à nossa platéia, criando uma "sombra" respeitável para Florindo, que na época, com muito justiça, era conhecido como "Gigante de Ébano".



Um corpo humano que parece feito de molas é a mola mestra da defesa tricolor

Um belo dia de 1959, Airton foi convidado a fazer testes no Santos. Foi. Treinou e, surpreendendo a todos, não agradou. Razões? Devem ter existido. A maior delas, no entanto, alegava que o player havia sentido falta da aclimatação, já que o futebol bandeirante, diferente do nosso, e o nervosismo de atuar ao lado dos maiores "cobras" do associativo brasileiro, poderiam muito bem ter influído nas performances preliminares do zagueiro gaúcho. [...] Coube ao Botafogo "cantar a pedrinha", seguindo as entrelinhas do convite, dois milhões de cruzeiros mais um apartamento na cidade-maravilhosa. Airton esteve no vai-não-vai [...] para surpresa surpresa de todos o craque rejeitou a proposta milionária, inclinando-se por aquela que lhe acenava o seu clube, em ordem bem inferior.

Por José Ney


Revista do Grêmio ano VI nº 36, 1961